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[atualizando um artigo escrito em 2014 e publicado aqui]

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A definição do que seriam os netweavers é um pouco complexa.

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Netweavers podem ser animadores de redes, tecelões de redes, explicitadores de redes, potencializadores de redes, provocadores de interações em rede, empoderadores de pessoas em rede,  que fazem – e ajudam outros – em empreendimentos em rede, … mas não são só isso.

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Eles atuam em toda sua potência só, e somente só, agirem em rede.

E se tiverem “visões” de redes.

E redes de redes.

E redes de redes de redes.


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Podem ser um tipo de anfitrião, facilitador, mediador, mas não no sentido habitual dos termos.
Não no sentido “centralizador” do termo.
Não na lógica de “alguém manda – alguém obedece”, “poucos mandam – muitos obedecem”.

Eles não “funcionam bem” em organizações que atuam só como redes centralizadas e que tem pouca interação entre seus nodos, funcionam melhor em organizações que atuam em redes cada vez mais distribuídas.

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Eles desobstruem fluxos, visualizam graus de interação em colaborações/participações possíveis, percebem sentidos.

Promovem integração, inclusão, miscigenação entre pessoas/nodos da rede, promovem fluxos em redes, … e são aqueles que perceberam que  agir contra os fenômenos de rede pura e simplesmente não é recomendado, inclusive porque sabem que é contraproducente fazer isso.
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E para isso também atuam ajudando pessoas a chegarem a uma linguagem comum (vocabulário e conceitos) em um grupo/comunidade.


Porque fluxos também podem ser de comunicação.


Podem também ser definidos como designers de interações (atuam nas interações entre as pessoas de uma organização/comunidade, principalmente vendo estas interações e as não – interações), e mais notadamente nestes casos, funcionam como enzimas catalizadoras: entram em um meio, interagem com todos presentes em diversos graus e saem do processo depois de um tempo, por que de verdade não pertencem ao ecossistema, só ajudaram a modificar e acelerar processos.

Mas se os netweavers em si mesmos podem ser vistos como ferramentas de interação, para fazerem isso usam metodologias, ferramentas e técnicas. Mas, e aí está algo que faz muita diferença, usam modelos de mundo e repertórios de linguagem que os diferencia de quem emprega somente modelos participativos e colaborativos de baixa interação, os chamados modelos centralizados.

Fernando Baptista comentou há anos atrás, que existiria uma grande diferença entre “metodologias” para obter resultados específicos (processos participativos, consensos construídos, decisões coletivas, planejamentos estratégicos, etc.) e “técnicas/arte de netweaving” com o objetivo de fazer o desbloqueio de fluxos e o aumento da interatividade entre as pessoas.
E ele destacou o quão importante seria que as duas ‘vertentes’ não fossem confundidas.
As primeiras tendem a produzir normas, instituições rígidas e competição, com alguns “rasgos” de criatividade, as segundas tendem a produzir redes distribuídas, cooperação, inovação e liberdade.

Por isso poderíamos considerar que a principal ferramenta de um netweaver seja ele mesmo, fazendo ‘cocriações interativas’: ele atuaria como uma ferramenta de sensibilização e de ‘des-cristalização’ de pensamentos, atitudes e posturas, e ao mesmo tempo, faz continuamente consigo dinâmicas muito fortes para enxergar a si próprio ao cocriar com os outros. E atuar a partir disso.

Mas o que também poderia se colocar: o quanto estas metodologias e dinâmicas abaixo podem ser úteis à um netweaver? E como?

Ferramentas: – círculo com diálogo – investigação apreciativaOpen spaceWorld cafePro Action Cafe (World café + Open space) – jogos cooperativos – [ cocriação interativa] – Estruturas LibertadorasPerguntas Poderosas – dentre outras.

Metodologias: – teoria Uaprendizado sequencial / flow learningjogo oásisnossa vida como gaia – [ dragon dreaming ] – [ design thinking]  – Art of Hosting – Ecologia Integral – A Arte de fazer perguntas – Comunicação não – violentaPermaculturaDemocracia Profunda – dentre outras.

Seriam só metodologias, ferramentas usadas pensando em bases participativas e colaborativas?

Ou poderiam ser usadas pensando em interação entre seus nodos?

Ou que poderiam ser usadas em bases mais livres por um netweaver?

E como última consideração: netweavers são pessoas vendo e tecendo fluxos.

Com e para outras pessoas.


A palavra-chave aqui sempre será PESSOAS.


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